sexta-feira, setembro 3

Os degraus de minha carreira

Ok, desocupados povos do telhado. Se vieram até aqui, leram o último não-texto e gastaram seu tempo se divertindo not, sentem e aproveitem que aí vem mais. Não que isso seja bom. Mas lá vai, essa é minha recente história.








A começar pelo que me levou a escolher minha carreira. Para os desentendidos, eu escolhi como futuro a fome, o desemprego e o não-reconhecimento dos meus estudos formais. Pois é, as pessoas costumam chamar isso de Vagabundagem Jornalismo. Aquele mesmo... Aquele que o Presidente da República afirmou legalmente não ser algo importante, tirando o fato de que foi ele quem o levou ao poder. Afinal, mídia só é importante quando se tem ela na palma da mão. Essa foi minha primeira desilusão na carreira, mas segui perseverante e cliquei na opção de "Comunicação Social: Jornalismo" lá no sítio do vestibular.

"Tem tudo a ver com ser modelo"

Eis que minha segunda frustração veio logo após ter escolhido tal ramo: amigos, parentes e até meu cachorro, que defeca em meu sofá, concordaram em uníssono quanto à inutilidade da profissão que eu sonhava exercer. Ora bolas, quem precisa de pessoas transmitindo informação!? Abandonado e sem o apoio de meus camaradas e até do meu próprio pai (ele achou ser brincadeira quando eu disse que queria ser jornalista; nenhuma novidade, considerando que ele é engenheiro), eu tremi sobre minhas pernas por um momento. Eu sou um homem de fibra, por isso bati a poeira e me levantei para seguir em frente. Fiz vestibular, esqueci 18 anos de conteúdo inútil e passei com louvor e pompas na minha primeira opção de estabelecimento de ensino superior.


Minha terceira queda. Universidade Federal. Tente resolver algum problema, conseguir alguma informação ou descobrir que textos são necessários para a prova em um lugar dirigido por funcionários públicos, mantido por funcionários públicos e frequentado por professores argentinos, alunos franceses e recepcionistas nordestinos... Todos funcionários públicos. Imaginem comigo uma Torre de Babel. Adicione cearenses. Empregue eles pelo Estado. Estabeleça tudo isso abaixo do nono círculo do Inferno, e torne o Diabo o reitor. Ok, eu passei pelo mais difícil antes, agora era questão de me adaptar. Ou não?

Mas eu levei na malandragem. Foi duro, mas foi. Tinha que ser. Virei homenzinho e aprendi os dialetos e as manhas, enfim, acabei aprendendo a me virar. Embora o problema só estivesse começando. A quarta provação veio ao descobrir que virtualmente todas as pessoas naquele lugar eram diferentes demais, desconhecidas demais e estranhas demais. O mesmo valia para mim, sou estranho por natureza e tímido por necessidade. O que fazer quando aparentemente ninguém gosta das mesmas músicas (fora Los Hermanos, a aprovação é consensual), dos mesmos jogos (pelo visto, sou o único naquele lugar que sabe o que é "Gears of War") e das mesmas mulheres (lá já é difícil achar alguém que goste de mulheres...)!? Estava na beira do precipício, mas fiz a coisa certa: dei um passo à frente. Mandei o mundo se foder e segui em frente.

Pior não poderia ficar. Ou pelo menos, eu achava. Ok, não vou demonizar meus companheiros de carreira, todos eles são pessoas muito legais. Só foi meio complicado se virar não usando drogas ilegais, não curtindo festas malucas e choppadas e sendo um péssimo jogador de futebol. Ainda mais quando são essas coisas que te incluem socialmente. Ao menos me mantive íntegro, fiel aos meus valores! Sem maconha, nunca botando uma bola no pé e sonhando em conquistar a ruiva dos meus sonhos apenas com meus poemas e meu charme. Continuei mandando o mundo se foder, ele achou engraçado e deixou eu fazer novos amigos. Sem ruivas por enquanto, mas já é um começo.

Minha saga ainda está incompleta, portanto em um futuro remoto haverá uma continuação desse meu épico máximo. Acho que os maiores agradecimentos por eu ter sobrevivido a essa via crucis vão aos meus pais, por terem duvidado silenciosamente de mim desde o início, aos meu amigos, que me abandonaram e ainda assim eu gosto pra caralho deles (gay...) e a mim mesmo, afinal só sendo um completo idiota idealista e masoquista para resistir a tanta pancada.

"Jornalismo: revoluções entre allegros e adagios"
  
Vocês ainda vão ler minhas palavras e meus poemas por aí!
Um grande aperto de mãos para meus leitores, e um beijo demorado em minhas leitoras.

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